JOVILA ALUNDAS CRAITA
JOVILA ALUNDAS CRAITA
25.12.90 20h.
Mas se eu dissesse que vi teu túmulo
e que ele estava aberto
e que nunca vi teu rosto real,
o que disso acharias?
Tu tens mágoa de mim?
Sim, talvez, porque eu
não represento bem a peça.
Sou algo oculto
dentro de uma fria face
que de quando em vez chora.
Amada dos ciprestes eternos;
Amada da tumba
que aberta ficou:
é o pedaço teu que não me das,
é esse que é a casquinha
+ pequenina do cipreste
do santo cemitério.
Esse que temos por julgá-lo
sempre presente,
mas que também morre.
E se não sei o que queres
e se não sei o que fazes
e nem o que almejas
pra teu conforto
então te pelo perdão.
Sem chorar, porque na verdade,
não é nem tu que mereça
que eu me destrua.
Se ontem morre estúpido
e hoje dá-me pena,
que fizeste de bom,
- de realmente bom –
para me ajudar?
E que fiz, senão
tentar ( em palavras)
ser apenas honesto,
sincero, petulante e rude?
Digo a ti, agora:
Uma teus braços à solidão
de quem procura por abrigo.
Diga-lhe do sol que vai indo
e das estrelas que tomam conta
da noite que envolve
a ti e a quem te quis.
Se não há + esperança,
quem pode dizer-te alento
e esperar pelo que é irreal?