Extractos de uma vida

Extractos de vidas

Sinto-te triste, muito triste e é como te sinto e vejo-te com um rosto ícone, um rosto apagado!

Lembro-me de mim em momentos em que as asas se dobram, partidas e presas em correntes. sei que tenho a mesma expressão e sei porquê?

Sei que nada te sou mas mesmo assim envio-te um bordado de letras e se em qualquer momento fui menos delicada contigo esborracho agora mesmo este meu orgulho no monte Sinai e uso o chicote da humildade.

Sei que não sou Deus_ mas gostava de o ser mas sei que nunca o serei, Deus é amar, é amar o próximo como se ama a nós e eu sei que não cumpro esta lei da tábua porque amo mais os outros que a mim mesma.

Porquê?

Porque nos magoámos?

Porque odiamos, porque matámos, porque somos uns cabrões quando queremos ser mais do que somos, porque não somos farrapos sem cor simples como e de corpo verde, tenros para quebrar e as raízes línguas que só procuram a água

Quando os meus olhares de fogo acalmam nas aguas do amor caminho da salvação de dentro do meu habito, dentro do meu espelho vejo-te e penteio o coração, vezes sem conta mas os cabelos vermelhos despenteiam-se sem que eu o evite.

Resta-me a atitude como papel higiénico que limpa o cú desta vida de merda.

Silvana Gomes

Ana Maria Costa
Enviado por Ana Maria Costa em 22/06/2006
Código do texto: T180165