Amor adolescente na maturidade...

Estou tão só... Estranha sensação de estar dentro de uma bolha

que vaga perdida pela escuridão do espaço sem luar, sem som nem estrelas... Sinto - me vazia e sinto um pequeno sinal de alerta me

diz que está prestes uma crise de solidão aguda, daquelas que me arrancam lágrimas pela falta de carinho, do abraço macio e terno...

Do olhar que conforta, do aconchego gostoso que me faz sentir segura, amada, alguém que de nada mais precisa... Falta de carinho, de beijos ardentes que me façam estremecer em sensações profundas, trazendo à tona minhas mais secretas emoções...

Ouço a chuva tamborilando no telhado, vejo o dia amanhecendo pela claridade tênue que se insinua pelas cortinas e me levanto... Não consigo ficar na cama, acordada... Não dou guarida à lembranças... Meu viver é hoje, é o agora e é para o futuro que planto flores - sonhos coloridos, porque nada acontece de repente, não adianta

eu querer... Minha solidão não é opcional, mas aprendi a gostar dela como aprendi a gostar de mim mesma, daquilo que sou... Mas não

sou uma ilha e nem sou insensível à ausência de companhia, mas não de uma qualquer, e sim, de alguém que me seja muito especial, porque carinho gostoso tem que ter muita confiança, cumplicidade, amor e ternura Não quero me sentir tímida junto a alguém para quem um dia, entregarei todo meu carinho, minha paixão, meus desejos de mulher madura, consciente daquilo que me fará sentir a fêmea aflorada em cada gesto, sem qualquer pudor, entregando - se aos desejos do seu amado, como uma loba no cio. Meus lábios queimam, meu corpo freme, minhas entranhas se contraem na excitação natural que me toma e saio para a chuva... Uma cortina espessa de cristal liquefeito, gelado, me envolve e eu estremeço de frio sentindo meus pés pisando poças d'água com prazer, olhando as pessoas passarem apressadas, sob seus guarda chuvas coloridos, cada uma levando sonhos e preocupações, no peito, como eu... Observo os pequenos jardins, as flores tremendo sob a chuva... E de repente, me imagino assim, como uma flor esmaecida, necessitada de uma chuva de ternura, minha energia vital... De carinhos sinceros, de dedos roçando as linhas do meu rosto, contornando meus traços e tomando minha boca num beijo quente, insinuando lentamente a língua ao encontro da minha, ansiosa, à espera de retribuir o carinho com toda a minha flama de mulher... Sonhos e esperanças fundindo - se com fantasias que na realidade, não acredito que ainda possa vir a a viver... Sonhos que não morreram na adolescente que a maturidade não absorveu na racionalidade... E tão só...