A libélula ( Para Edson Gonçalves Ferreira)

Ele me olha e eu acho que sabe. (__) Já disse um poeta que há coisas que nunca deveriam precisar ser ditas, em se tratando de amizade. Verdades que se envergonhariam, caso não fossem generosamente falada para outro. Há muito temo pela vulgaridade de certas falas; mais prudente – em se tratando de manter a delicadeza - é guardar o silêncio. Há coisas demais na vida que podem ser ditas: o dia lindo, a decoração agradável, alguma notícia recém lida. Melhor manter a alegria efêmera de uma libélula: tocar de leve o prato, a frase, os temas... É preciso preservar no outro a liberdade de escolhas. Desse modo, guardo comigo a dor que não se pode dizer, mistério enjaulado, peixe que raramente sobe bem próximo à superfície para logo em seguida sumir novamente na escuridão do fundo. Só não posso demorar-me demais nas suas falas: tenho as asas demasiado transparentes.