De poeta pra poeta

Falar-te-ei uma coisa...

É contigo mesmo, poeta como eu...

Sei que estás por demais assoberbado,

externando os teus sentimentos nas horas mais impróprias

e, se der tempo o trabalho,

se possível o estudo, talvez o lazer... a poesia sempre!

Teus compromissos não sei,

tua missão, sim, que é criar e sem ela não vives...

Imbuído estás neste momento e se puderes me ouvir,

sei que estarás escutando o teu próprio espírito,

completamente idêntico ao meu...

Como? Habitamos o mesmo universo superlativamente belo...

Nossa história? Evidentemente diversa...

Nossas emoções? Iguais...

E as emoções desenham o portal que nos eleva à insigne dimensão,

habitat natural da poesia, o mundo de suprema perfeição...

É lá que te encontro sempre, poeta irmão, poeta amigo,

poeta sonhador assim como eu,

poeta que não foge da inspiração que lhe retira as correntes,

é de lá que fluem as peculiaridades e meticulosidades,

as palavras que, numa valsa exaltada,

buscam os seus pares e formam os versos, as estrofes,

com rimas, sem rimas, com sonhos, com indignações,

amor, erotismo, beleza, natureza, amizade, tudo o mais...

E num desses bailes paralelos estou agora,

distante, muito distante do mundo natural,

chegando até ti, poeta, que conheço ou não,

pra dizer de tudo isso,

do nosso poder de viver em duas estações, a real e a poética...

E se um dia nos chamarem ébrios ou alucinados,

hei de contigo dizer do quanto os outros humanos seguem cativos,

enquanto tu e eu respiramos livres com o pensamento que voa...

Alfim, falar-te-ei outra coisa:

Como é bom conhecer este nosso mundo de poesia, sem preço,

afortunado de criatividade e sentimentos,

quão prodigioso saber que aqui nunca estou sozinho!

Nalva
Enviado por Nalva em 27/06/2006
Reeditado em 09/10/2006
Código do texto: T183079
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