Amizade Virtual
Em frente à tela de um arcaico computador, fico ansioso
esperando que ele se aqueça e me traga boas notícias,
através dos e-mails que chegam, vindo de perto e de longe.
Uma morosa conexão, e lá vou eu para minha caixa correio.
A expectativa de que ela se abra é cruciante. Lentamente
vão surgindo as mensagens, passo os olhos sobre cada uma
delas na expectativa de encontrar aquelas tão especiais.
São deusas poetisas, jovens enamoradas. Eternas amantes, musas e amigas, amadas. Também os amigos poetas, de perto
ou de longe, que chegam para visitar-me. Todos, amigos e amigas trazem consigo o abraço caloroso, o elogio sincero,
a palavra amiga. Essa força que rege o mundo da amizade virtual, e do aconchego que os e-mails são portadores.
Às vezes sou tomado por um abatimento, uma grande tristeza, uma melancolia, uma saudade, pois, mesmo estando cheia, minha caixa correio me parece vazia.
As deusas desaparecem como se tragadas por um feroz dragão. A imaginação entorpece. O frio da madrugada se torna gritante. A inspiração emudece.
Contemplo a tela, muda, surda, sem cor, tentando captar o menor vestígio de que as minhas mensagens, simplesmente apagaram-se, ou perderam-se na imensidão virtual. Nada. . . nada, apenas o vazio.
Os olhos cansados, as pálpebras cedendo ao sono. As palavras, as letras, formando um bailado ondulante como se fosse uma despedida, uma pausa, um descanso, para outro dia recomeçar e, virtualmente encontrar-lhes.
29/06/06