Apartar das ilusões

Apartar das ilusões

Aporto minhas lembranças no cais das minhas naufragadas ilusões.

Apartei-me de todos os sonhos que redundaram caminhos sem volta.

Extravio.

Perdi-me nas abissais profundezas do que me prendia a ti.

Fundeada.

Agora sou nau em desalinho, afeita as intempéries das ruínas da rota.

Aniquilaram-se as tênues vontades.

Já não sou, inexisto avulsa e avessa aos planos.

Abro a foice os caminhos trançados e traçados por entre ruidosos dolores,

Demasiada sangria.

Tormenta.

Espero que pela fresta um naco de luz alumie o negrume da alma,

O cerrado coração.

Nada que perdure ousará a eternidade, far-se a empedernir.

Não há lamento que não cesse.

Não existe fustigo que não desvaneça,

Flagelo que não debele.

Querer que não se sepulte.

Amor que não se exile.

Há de vir o sobrevir,

O porvindouro.

Abrolhar inesperado de esperançar.

Novilúnio.

Aurorescer.

Há que se ver, o inusitado, acontecer....

Descerrar o vindouro,

Expectar o remate do destino.

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 14/10/2009
Código do texto: T1866316
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