O TEMPO e EU

Hoje, fui dona do tempo.

Queria-o todo meu e o fiz parar.

Então, sentei-me diante de mim,

Comecei comigo a conversar.

Quanto tempo... E eu sem me ver.

Admirei-me!

Como cresci...

Juro, quase não me reconheci.

Um modo diferente no falar, e o pensar...

Nem pude minha surpresa disfarçar!

Deus, onde tudo isso aprendi?

Quanto tempo eu fiquei sem me ver?

Impossível precisar, não recordo,

Melhor deixar pra lá,

Quem sabe talvez nem valha a pena lembrar!

Por onde andei... Por qual razão não me vi passar?

Enquanto comigo conversava, fui me reparando,

Detendo-me aqui e ali,

Quanta diferença eu encontrei:

· Em meu rosto vi marcas de dalguns momentos -, Estranhei, porém não as lamentei, por que não hás vi como cicatrizes, mas como marcos do meu crescimento; alguns sulcos de lágrimas e outros de risos. Confesso como já chorei... No entanto não foram poucas as gargalhadas que dei, e assim prantos pude em outros rostos estancar – Sim, valeu soluços por risos trocar, e a muitos consolar!

· O meu colo, tal como o meu o meu rosto trazia, também, vestígios do tempo – se a caso lhe fosse adornar o traria muito à mostra. Melhor mesmo o uso de golas e discretamente lhe dissimular.

Parei por alguns segundos, respirei fundo. Frente às descobertas foi quase impossível controlar a emoção!

Outra vez pus-me de volta à minha exploração:

· Quando eu os meus seios toquei se enrijeceram, e, àquela sensação me fez lembrar do amor e de tempos idos; lembrei-me, também, dos filhos que neles alimentei, que em meus braços, agora, flácidos os embalei - Cresceram e partiram!

Percorria-me quando notei minhas mãos! Detidamente as reparei, uma a outra, suavemente, me pus a acariciá-las. Pareceram-me um tanto quanto distintas – sempre pequenas, contudo, eram belas. Entretanto, hoje, não pude ver a beleza de antes, estavam informes e doíam!

Veio-me a nostalgia ao me ver refletida, no espelho,

Fiquei muda perante mim...

Perplexa, não pude sorrir e algumas lágrimas começaram a cair,

Abandonei-me ao pranto igual criança,

Ainda soluçando as insistentes lágrimas enxuguei!

Espantada com as diferenças aqui e lá, encontradas em minha introspecção, comecei a me perguntar:

· Por quanto tempo me abandonei... Por quê?

Não pude responder,

Muito diferente me encontrava, já não me reconhecia!

· Quem será que agora eu sou?

Sinceramente, não sei!