Amar Ou Se Deixar Levar

Em dias de sois avermelhados

É preciso estar atento

Processar douro momento

No afã dos prazeres inviolados.

Só a estar o outro que não ama

Não ao outro, mas a si próprio

Fracionar o lume que traz a chama

Trazer, não aos outros, mas a si, o óbvio.

É preciso amar desmensuradamente

Emocionar a si, ranger os dentes

Coadjuvar infindáveis epopéias

Adormecidas, estanques, amarelas.

Fundar o próprio fã clube

As vaias esvaecerão pela intensidade

Palmas pra si, dedos em riste

São minúcias a convergir, internas.

Em tempos de sois dissimulados

É preciso se ter espelho

Não do outro, mas o próprio

Apresentar aos outros, os molares

E proferir num estrondo:

Eu me amo!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 04/07/2006
Código do texto: T187232
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