Vôo da Fênix

Tenho em mim a dor do mundo que estaticamente se agita e nesse agitar imóvel lascera a alma...

Nas palavras e na música, abrigo-me como um peregrino sob a ponte, refugio-me nos suspiros compassados e lógicos que me permitem os homens...

E busco nos olhos que não são meus a luz calma, e lhes respondo sorrindo, enquanto suspiros frenéticos preenchem as horas de vida fresca...

Meu corpo cansa, minhas pernas sucumbem, o ar já não me salva, entrego-me aos grilhões e me acabo, de repente...

Busco olhos encantadores e mãos suaves que afastem de mim as prisões e me façam renascer constantemente,

busco a leveza da brisa que resgata o corpo e o torna pleno,

e as palavras breves que se encadeiam como beijos sutis sabendo não caberem em si -

e as não-palavras que intensificam a pele e dizem o que não se sabe...

Busco o tempo que circula e não mata, com o qual se vai sem preocupação ou pretensão...

quero simplesmente a expressão que permite o contraste, o fogo e as cinzas que trazem o vôo da Fênix que ascende ao desconhecido infinito.

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 18/10/2009
Código do texto: T1873210
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.