Mortal

As velas acesas... Prontas, na mesa...

Ruas e ‘perambulandos’... Perambulados, nesse escuro que sacias...

Voltas em rosas de um neon enfraquecido... As bestas procurando o cio.

Um veneno para alma... Flagelo de sentidos.

Um fechar de cílios... Prescrevendo a bula da sabedoria.

Revendo frases, encontro o teu risco... O serpentear de discos.

Andaria a face mórbida de um corpo falecido... Jaz, nas entranhas dos corredores... Permeia as voltas de uma parede acetinada... És tudo!... És nada!

Semente... Pó... Correria...

Água que banha as curvas... Ácido que compõe o destino escorregadio... Vulto.

Viria vultos... Serias a sombra, que amargurada, mobiliza as gotas de uma vitrine.

Servida mesa à hipocrisia...

E o texto ganha um rumo sombrio... Ganha o entalhe de uma cortina teatral... A face nas mãos... O crânio genial... O medo do antepassado... Do seu próprio passado genético... Um recuo ao dito.

Assim, a personagem sacia-se... Come, aos goles, o ventre do ator... Mergulha as flores no cristal que se perdeu em meras folhas de papel.

Permeiam-me as páginas finas... É o retrato de um mero grito.

Ser ou mortal foi... Sugar o gosto e romper com o fixo compromisso... Não saber ao menos o que é isso.

Profundo o rio que me toma... Que golpeia a carne que ainda vive... Sufoca-se o homem neutro... Agarra-se a certos juízos.

Pequena alma desbotada à revelia... Uma personagem radical e falha...

Apenas, um ritual.

Quebrar com o sonho... Ser do tamanho do medo que te toma o palco... Ainda assim, subir no tablado... Resto do animal que te contempla... O pertencer ao pouco que te rodeia...

As escadarias da alma humana... O beijo no crânio falecido... O ter a cabeça em punho... O ser... O não ser daquele tamanho.

Pueril vista que te toma... Teu olhar é mera cavalaria... Galopes são os da verdadeira face... Enrolo-me nas fases do tempo.

E, se por ventura, criares o engodo mais perfeito... A vida golpeia o laço com chicote e fio de aço...

Meu ser, em outra carapaça de milhares...

O ser... O não ser o que te atrapalha...

E o imortal traz a rótula da trajetória... O mortal a dúvida concebida em um útero bipartido...

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