SEM MEDO DE SENTIR
Sentir...
Tudo ter em mim
Fechar os olhos e apaziguar...
A alma; fechada
Com notas frutadas, vinícola
Sorvendo a digna essência.
Sentir...
Fazer-me ópio e alegria
Convés de afagos desmesurados...
Encantados
Com rugas e beijos na calçada
Sentimento, sem ti mesmo.
Sentir-se...
Sufocar de tanto tinir, pelar
Tomar a sequência aos goles e suplantar
Ser mais eu em tudo de mim
Espantar-se com o áptero amor...
Desalojar, exasperar-se... evoluir.
Sentir...
O prélio almeja a estrela
Mais leda; paz e atrás de mim
Sufoco com quente nó na glote
Infinito...
Trinar e escutar a música, o dó.
Sentir...
Tão perto e tão cicuta!
A me raspar os flancos, revelar
O apelo e o gesto único de amar
O mar, a ave, a Maria, os olhares...
Insanos, perplexos.
Sentir...
Haja todo e inescrutável amor em minhas vísceras
São tantas mais!
Calabouço cantante de vida inglória
Memória, alecrim, extrato do legítimo néctar...
Exuberante amor a frigir os olhos da vida.