HORA DO RUSH

HORA DO RUSH

Às vezes penso que é sempre dezembro

Ou sempre janeiro.

Sempre transição...

Sinto o meu tempo presente como se ele fosse

Um passado feliz.

E ao mesmo tempo sinto uma necessidade enorme

De um futuro.

E sinto uma esperança meio sem jeito,

Típica de um 1º de janeiro no Brasil.

Sinto o meu amor acabando.

Não o amor por uma pessoa, por uma coisa,

Por uma causa,

Mas o amor como um todo, como estrutura.

Porém ele não está acabando por terminar,

Mas por não se conter.

E isso me deixa mais louco.

Como um organismo que por excesso

De proteínas desencadeia uma série de inflamações,

Meu excesso de mim me atropela.

Estou sentindo tanto, estou amando tanto,

Que está tudo doendo.

Estou com hiperamorose crônica.

Como se tudo caminhasse para a dor...

Até o vento que sempre foi leve e amigo

E conforto

E presença,

Hoje está vazio, forte,

Agudo, contundente.

Estou no Largo da Carioca,

No meio de um corre-corre,

No meio de um monte de gente passando

Pra lá e pra cá, mas nada nem ninguém me sorri...

Nem minha vida

Nem meu coração nem eu...

Queria chorar, mas acho que não tô a fim.

Vou sentar no meio-fio e escrever,

Separado dos meus sentimentos.

Eles são muito fortes para mim.

Vou jogar a toalha!

Não sei a razão dessa luta.

Talvez o medo,

Talvez a força de uma realidade vigente

E ainda escondida.

Talvez apenas um trânsito ruim:

Um engarrafamento de sentimentos, a hora do rush!

Não sei, mas estou melhor.

Já sinto as pessoas de outro jeito.

Quando se senta à margem da vida,

Não é só o ângulo que muda;

Mudam-se os olhos!

Sei que estou triste!

Sei que não posso saber nada além disso.

Queria curar meu coração.

Encontrar todas as respostas

Antes que as perguntas mudem,

Mas não sou tão rápido.

Meu coração transborda

E eu não sei no que vai dar.

Acho que estou científico demais...

Vou para casa.

Queria ouvir uma música,

Uma música qualquer que o seu ritmo

Me levasse ao meu ritmo

E que, num balanço só meu, eu me entendesse comigo.

E quando a música acabasse,

Que eu acabasse também...

06 de abril de 2004, 18:00, Largo da Carioca, Rio, RJ.

Iguaçu
Enviado por Iguaçu em 07/11/2009
Código do texto: T1910827
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.