APAGÃO

Ele e ela na sala de estar, relembrando saudosamente tempos idos, vitorias, tristezas, os sonhos construídos ao longo dos anos. De repente a luz se esvai. Escuridão.

___ Cuidado meu velho, senão você cai, diz ela, toda preocupada.

___ Não se preocupe coração, diz ele.

___ Como é ruim ficar sem luz, retruca ela, nada reluz. e o tempo passou, passou.Mas de repente, zaz! a luz clareou o ambiente. Ele diz:

___ Já é hora, vamos dormir agora, mas da varanda uma fala chega à sala:

___ Como foi lindo esse escurinho! Era uma voz juvenil, voz da filha queridinha, que estava lá fora, com um risinho maroto nos lábios, e bem agarradinha ao seu garoto, que de pueril nada tinha. Lá dentro, ela diz:

___ Ouviu meu velho, não vi nada de lindo, ainda mais que a menina deve ter batido a canela na ponta fina daquele banco, e olha que já falei prá você tirar aquele banco dali. Ouvi reclamos embaixo da janela, era um tal de ai, ai, ai , ui, oh! Coitada da filhinha, não acredito que dor não deva ter sentido, e tudo por causa deste maldito apagão!.

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Rio de Janeiro/Brasil

ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 11/11/2009
Reeditado em 25/03/2018
Código do texto: T1917405
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