Perdão Sincero

Prólogo:

“O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício”. (Martin Luther King).

Dedico este texto a minha adorável e querida ex-aluna Analu. Ela sabe que a força que rebrilha, após o perdão sincero, tem a suavidade de um beijo fraterno porque perdoar é próprio das almas generosas.

Tenho um espírito complicado e uso poucas palavras para dizer minha adoração latente, ainda não emergente, da alma fastidiosa, às vezes ciumenta, recalcitrante e bisonha.

Sou irritável e firo pessoas facilmente. Sou assim pelo fato de não aceitar escusas ou desculpas evasivas de quem me conhece e sabe que não esqueço nunca uma desídia inconsequente, demasiada irresponsável.

Todavia, existem pouquíssimas maldades que eu me lembre a ponto de me arrepender. Já fui demasiado protervo hoje estou calmo e aprendi com os que me cercam a arte do melhor viver. Observo e quase sempre consigo aprender.

Perdão sincero? Ora, isso sempre foi, é, e será motivado por conveniência pessoal; incentivado por ensinamentos religiosos, caramelizados, espúrios por falsa comiseração. A maioria das pessoas diz “amém” a quem lhe ofende injustificadamente. Mas eu já escrevi e expliquei aqui mesmo no Recanto das Letras: Isso é hipocrisia que se digladia com a luxúria latente em todo ser humano.

Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra. Isso é uma verdade inconteste! No entanto, a condição humana ainda está em evolução e por isso não é fácil aceitar uma ofensa e conceder o necessário perdão sincero.

Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz, isto é, não se querem conhecer, evoluir, aceitar seus limites e imposições sociais.

Dirão meus diletos leitores que estou filosofando? Não. Em verdade estou tentando encontrar um modo menos traumático e simples de explicar a força do perdão. Não tenho muitos inimigos, mas os poucos que não me lembro consigo aborrecê-los a contento. Basta não querer perdoá-los.

“O amor deveria perdoar todos os pecados, menos um pecado contra o amor. O amor verdadeiro deveria ter perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor”. (Oscar Wilde).

Eu escrevo assim: Da minha realidade nasce a tristeza. Do meu Amor nasce a incerteza. Sei bem o que quero, embora não saiba se mereço. Sei também que não creio ter de pessoa comum um perdão sincero.

Confio em mim mesmo. Aceito que necessito passar por provações para triunfar, contanto que eu me esforce para alcançar o Nirvana por caminhos e meios lícitos e honestos. Acredito que o triunfo é resultado de esforço consciente, inteligente, eficaz; que não depende da sorte, da magia, de amigos, companheiros duvidosos ou com acentuado desvio de conduta.

Por fim, perdoarei os que me ofendem e invejam porque compreendo que, às vezes, ofendo néscios, inocentes, sábios, pessoas odiosas ou amáveis, queridas e necessárias... Por isso também necessito de perdão sincero.