SAUDOSISMO

SAUDOSISMO

Encontramos nos arquivos da mente, gavetas empanturradas, com uma diversidade de acontecimentos passados.

São lembranças doces e amargas, algumas que alimentam a alma. Outras machucando o coração, mas é uma realidade que precisamos conviver com ela.

Em meus arquivos prece-me que a gaveta da saudade relaxou a fechadura. As lembranças que mais parece um sonho do que uma realidade nostálgica do meu passado inunda minha alma, fazendo transbordar de sentimento o coração. Quantas imagens da vida simples, em minha doce infância arquivada em minha memória. Trazendo-me boas recordações, e a grande saudade a permear meu ser. Eu as visualizo mentalmente como se fossem atuais. Posso ver as boiada, nas épocas de seca, descendo as estradas levantando a nuvem de poeira cobrindo de pó vermelho o lambo dos animais. O toque do berrante, com o som choroso no aboio do boiadeiro que a conduzia. Nos currais de nossa casa, que sempre foi pousada, aquela confusão de chifres se misturando na hora da contagem pelo capataz da comitiva. Eu criança empoleirada na cerca, admirando a característica de cada animal cada animal, na cor, formato e defeitos físicos de alguns.

Colchões improvisados com baixeiros dos arreios espalhados pelas varandas do paiol. O corre-corre de minha mãe na preparação do jantar para a pionada, a gente a ajudando no que podia carregando lenha, sarilhando água da profunda cisterna existente na porta da cozinha. Depois a espera para degustar a gostosa sobra de comida já preparada a propósito.

Quando o inverno chegava preparava-se lenha e algumas porções de sabugos de milho, acendia um fogo no meio da cozinha, em sua volta íamos deliciar os gostosos biscoitos fritos na gordura de porco, preparados por mamãe, acompanhados do leite adoçado com rapadura. Vez por outra estoura uma pipoca de algum grão de milho que ficava no sabugo,e a gente comia aquilo com sabor de cinza.

Eu como irmão mais velho impunha-me mantendo uma exigência rígida sobre os irmãos e eles obedeciam à risca. Muitas vezes nossos pais se recolhiam mais cedo, se conversando um pouco mais alto, papai dava um pequeno raspado na garganta, era um silencio profundo, íamos imediatamente pras camas sem um pio se quer.

Quantas recordações! Poderia eu descrevê-las em vários volumes. Tudo muito simples, mas são belas lembranças!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 16/11/2009
Código do texto: T1926366
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