Direitos e Deveres
Eu devia aprender a calar, ou simplesmente não cantar as minhas vontades.
Eu devia aprender a engolir minhas alegrias antes que elas transbordassem pelo meu sorriso.
Eu devia aprender a esconder as minhas lágrimas dos olhos da censura, e jamais demonstrar meus sonhos secretos, as minhas fraquezas em forma de desejos diante de você, ou de quem quer que fosse.
Eu devia cobrir meus olhos de luto para beber silenciosamente a taça das derrotas tão minhas, e mesmo as que brindo contigo, que covardemente são nossas.
Eu devia aprender a calar o pensamento e não permitir que ele falasse mais alto do que eu.
Eu devia aprender a respeitar as minhas bobagens tanto quanto respeito as do outro.
Eu devia reservar um tempo só para entender e separar o que eu quero do que eu tento aceitar passivamente.
Eu devia, ah como eu devia me conhecer há mais tempo, pra me saber dona dos meus labirintos e não ter enveredado por eles antes de me preparar.
Eu devia eu sei que devia, mas como amarrar os gestos de quem nada num mar bravio sem saber onde chegar?
Eu devia, ou não; eu devo aprender a me enxergar além desse quarto de espelhos, além desse último reflexo, e embrenhar nesse infinito de mim.