a foto é do altar-mor da igreja de Nossa Senhora da Piedade em Piedade- SP
PIETÁ
Quaresma 2002
Lembro-me bem daquela vez que fui à Igreja com minha mãe.
Perguntei a ela porque as imagens estavam cobertas com pa-
nos roxos. Não havia um santo sequer descoberto, aquela vi-
são me deixava com uma sensação enorme de desconforto,
como se me faltasse ar.
Minha mãe me explicava então que estávamos na quaresma,
que Jesus ia morrer e naquele período estava no deserto, sem
comer e sem beber.
Naquele mesmo templo tão bonito em dias comuns, havia
também do lado esquerdo da nave, lá na frente algo que me
estarrecia e eu na idade do por quê? perguntava e minha mãe
respondia: É o Senhor morto. Jesus num caixão de vidro re-
pousava. Cada sinal de sua paixão me assustava: as marcas
nos pulsos, nos pés, no coração, na cabeça; inesquecíveis
para uma criança de seis anos. Era a primeira vez que me
defrontava com a dor.
Mas havia naquele lindo templo, no altar em frente a parede
toda pintada com as figuras de anjos, a imagem inesquecível
de Deus-Pai, com sua barba branca e a escultura da padroeira
da cidade: a Pietá, uma réplica lindíssima da obra de Miche-
langelo Buonarotti.
Nossa Senhora tinha Jesus morto no colo, depois de ser re-
tirado da Cruz.
A expressão dela, a dor e a compaixão fortíssima e inesque-
cível. Era uma expressão que às vezes eu via no semblante de
minha mãe quando rezava...
Passaram-se muitos anos, nos mudamos de lá, da tão pequena
e acolhedora cidade de Piedade. Cresci, vivi, aprendi muito
sobre sentimentos, aprendi o que é ser mãe, o que é ter pie-
dade.
Hoje, em plena quaresma, peço com devoção a ela, à Pietá,
que interceda por nós, junto a seu misericordioso filho. Que Ele
junto ao Pai todo Poderoso e ao Espírito Santo de amor,tenham
piedade dos que sofrem neste planeta tão lindo e que preci-
sa ser bem cuidado. Piedade por nossos pensamentos, pala-
vras, atos e omissões, principalmente as omissões que cus-
tei a entender o quanto geram problemas sociais, ecológicos e
econômicos.
Piedade aos presidiários.
Piedade aos desempregados sem oportunidades.
Piedade às mães que perderam precocemente seus filhos.
Piedade às mães que praticaram abortos.
Piedade aos adolescentes americanos vítimas de seus próprios
colegas.
Piedade à meninas da China jogadas na rua.
Piedade às freirinhas da África.
Piedade, Mãe, Piedade!
PIETÁ
Quaresma 2002
Lembro-me bem daquela vez que fui à Igreja com minha mãe.
Perguntei a ela porque as imagens estavam cobertas com pa-
nos roxos. Não havia um santo sequer descoberto, aquela vi-
são me deixava com uma sensação enorme de desconforto,
como se me faltasse ar.
Minha mãe me explicava então que estávamos na quaresma,
que Jesus ia morrer e naquele período estava no deserto, sem
comer e sem beber.
Naquele mesmo templo tão bonito em dias comuns, havia
também do lado esquerdo da nave, lá na frente algo que me
estarrecia e eu na idade do por quê? perguntava e minha mãe
respondia: É o Senhor morto. Jesus num caixão de vidro re-
pousava. Cada sinal de sua paixão me assustava: as marcas
nos pulsos, nos pés, no coração, na cabeça; inesquecíveis
para uma criança de seis anos. Era a primeira vez que me
defrontava com a dor.
Mas havia naquele lindo templo, no altar em frente a parede
toda pintada com as figuras de anjos, a imagem inesquecível
de Deus-Pai, com sua barba branca e a escultura da padroeira
da cidade: a Pietá, uma réplica lindíssima da obra de Miche-
langelo Buonarotti.
Nossa Senhora tinha Jesus morto no colo, depois de ser re-
tirado da Cruz.
A expressão dela, a dor e a compaixão fortíssima e inesque-
cível. Era uma expressão que às vezes eu via no semblante de
minha mãe quando rezava...
Passaram-se muitos anos, nos mudamos de lá, da tão pequena
e acolhedora cidade de Piedade. Cresci, vivi, aprendi muito
sobre sentimentos, aprendi o que é ser mãe, o que é ter pie-
dade.
Hoje, em plena quaresma, peço com devoção a ela, à Pietá,
que interceda por nós, junto a seu misericordioso filho. Que Ele
junto ao Pai todo Poderoso e ao Espírito Santo de amor,tenham
piedade dos que sofrem neste planeta tão lindo e que preci-
sa ser bem cuidado. Piedade por nossos pensamentos, pala-
vras, atos e omissões, principalmente as omissões que cus-
tei a entender o quanto geram problemas sociais, ecológicos e
econômicos.
Piedade aos presidiários.
Piedade aos desempregados sem oportunidades.
Piedade às mães que perderam precocemente seus filhos.
Piedade às mães que praticaram abortos.
Piedade aos adolescentes americanos vítimas de seus próprios
colegas.
Piedade à meninas da China jogadas na rua.
Piedade às freirinhas da África.
Piedade, Mãe, Piedade!