Sexta-feira, dia de rock & roll
Minha semana é louca. Não obedece a ordem natural da folhinha. Ela começa sempre na sexta-feira, que chamo de Dia da Angústia - da traição, da perturbação, da bebedeira, da solidão, da transformação em furacão.
É quando quero e quase sempre consolido: um abraço envolvente, um drink quente, um amor inconseqüente. Ir a um lugar só a dois, sem gente.
O sábado é o Dia da Ressaca, das desculpas, da depressão, do não, do arrependimento...
Domingo, Dia do Recomeçar, limpar a casa, lavar a louça. Caprichar na reza, renovar a promessa e louvar a Deus.
Segunda-feira é o Dia do Sério: Cabelos limpos, perfume forte, bem vestida, cheia, dominadora – trabalho.
Terça-feira é o Dia Legal: A sorte está chegando: Ganhei um beijo doce, um abraço apertado e encontrei um velho namorado.
Quarta-feira. Dia de comer feijoada, de brigar com a empregada, de ligar para a irmã mais velha, de tomar um café no bar ao lado, ir ao cinema, comer o maior saco de pipoca possível. Dia de dar adeus ao regime.
Na quinta-feira é O Dia Difícil. Já começa na hora de acordar. O sol está brilhando. Poderia aproveitar e lavar aquele edredom e depois sentar na grama, ir ao parque, passear no meio das crianças, pensar no passado e no amanhã (putz! já é quase sexta), mas qual o quê, Lá vou eu pr'o trabalho.
Sexta-feira, Ah! E agora? É ela de novo, o tal dia louco, dia de rock & roll. Decidida, me pergunto olhando para o espelho, com olhar desconfiado. Prometo: Hoje eu vou acertar na cor do batom e o caminho de volta para casa (espero).