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OLHAR SEM JUÍZO

Não sei porque esse meu fascínio pelo olhar. O olhar me seduz, me leva a loucura, desperta em mim o desejo incontrolável da aventura no âmago da alma de quem com meu olhar se cruzar. Olhares vazios, olhares vadios, olhares de promessas, olhares de propostas, olhares com ou sem intenções, olhares perdidos, olhares bandidos, não importa, basta-me achar um olhar à disposição para acelerar as batidas de meu coração. E lá vou eu como ventania, sem controle, sem direção, sem nenhuma preocupação, numa confessa invasão, desnudar os segredos desse olhar. O meu olhar não tem ética, estética ou dialética. É um devasso recorrente, irreverente e cheio de intenções que, irresistivelmente, gosta de se jogar, sem pudor, no jogo da sedução. E não lhe importa os riscos. É um cobiço. Sempre quer um pouco mais. Às vezes, veste-se  até de mendigo para esmolar outro olhar. Meu olhar inspira cuidados, sua atividade está intensa, tem andado muito fascinado por alguns olhares escondidos nos rostos distraídos. Tá precisando de reprimenda, quem sabe, assim, se emenda e pare de inventar de vez minuciosas maneiras de seduzir outro olhar.