ultima desilusão

Eu nunca quis tanto estar errada. Nunca quis mais acreditar no que você dizia. Mas não importa o quanto em finja não ligar, ou o quanto eu sorria quando nossos amigos estão por perto, o que eu sinto não esta no meu sorriso, ou na indiferença premeditada. O que eu sinto esta gritando no silencio do meu sorriso falso, esta estraçalhando meu peito nas noites quentes de primavera. O que eu sinto sangra em lagrimas sufocadas no meu travesseiro. Minha dor esta nas minhas palavras de amizade, escondida em cada silaba. Minha magoa envenena meu sangue dia após dia.

Você foi a ultima prova de que eu precisava para deixar de acreditar. Você foi a derradeira decepção que me escancarou os olhos cegos e escureceu toda a claridade do verão. Vejo a verdade que sempre soube estar lá, vejo as cinzas nos meus dedos, vejo as sombras nos dias claros. Sinto o sangue no meu rosto, o frio nas minhas mãos, sinto tuas mãos me abandonando.

Ouço suas promessas nas vozes de outros homens. “fico esperando te ver” dizem eles, me olhando com teus olhos. Mas aquilo que ardia em meus olhos contigo apagou-se para todos os outros. Apagou-se para ti. Apagou-se para mim. A esperança que renasceu em mim quando confiei em ti acabou de uma vez por todas.

A culpa é minha. A culpa é sua. A culpa não é de ninguém. Não há um destino por trás do sofrimento. Não há um plano divino. A culpa que eu sinto, a raiva que desperta em meus sonhos, o ódio que teus lábios me causam. São só palavras que eu jogo pela janela, poemas que você apaga, só historias de nossas vidas, tão unidas e tão irremediavelmente separadas.