DESIDERATA

O encanto de viver... vida!

Vida, vida querida!

O simples gesto de abrirmos os olhos e sentirmos o arder do ar nas retinas, o primeiro ardor nas meninas dos olhos - todo dia - já nos consagra como escolhidos pelo Criador para dar-mos à vida a sua mais que exata tradução: a evolução humana do amor.

E é justamente (ou talvez apenas) através do exercício da glória da vida que percebemos se atingimos o estágio da felicidade; e o que devemos fazer para merecermos esse sentido. Na minha existência, não pretendo a superioridade nem pretendo a felicidade eterna, porquanto é a partir da dor, do fracasso e das desilusões que me refino em busca dos meus ideais e da minha própria melhoria como um humano igual em natureza. É exatamente por esta estrada, de escombros, pirambeiras, arco-iris e paixões, que me rebusco e me entalho num homem menos xucro, menos instinto, mais bondoso, mais terno; de um mais refinado e cuidadoso desejo e prazer. Mas agradeço por estar aqui e poder me expôr ao amor (esse sim!) infinito, à agonia divina e maravilhosa de cada gozo, à delicadeza que se impõe em cada choro convulso meu e à capacidade de identificar o quanto desejo edificar, evitar ter que reparar, estar pronto a pedir "por favor, você me desculpe!", a dizer "eu te amo perdidamente..." e a bem mais querer para minha lenda na terra.

Em toda minha primeira oração diária, imploro a Deus não me inverter em nada; que me venha em orientações divinas e iluminações exatamente assim como agora, sempre; que me guarde assim, repleto e florido de carinhos, frutificado em brotos de ternura, alagado de lágrimas para os momentos felizes ou nem tanto, corajoso para enfrentar minhas dores intransferíveis e bom "melhorador" das coisas já muito boas, para transferí-las a alguém mais - com especial amor e paciente dedicação. Que o Criador me mantenha assim, fogoso e apaixonado amante da amada e surpreendente vida. Que me conserve o iluminado olfato, tipo aroma de cio, para identificar o cheiro da mulher amada, o cheiro da fronte das crianças e o cheiroso acasalar da chuva se deitando e derramando seu sémem sobre a terra; como que a natureza a ejacular absolutamente puro e são, ou a menstruar sua maternidade absoluta. São suficientementes motivos e a única razão para este meu sentimento pela aspiração vida! Vida plena, fervilhante, pulsante correndo nas veias, por descobrir, diante dos olhos, nos tecidos e veias com destino ao coração. Vida da ousadia de buscarmos o ainda não descoberto, o mais sublime dos amores doados, prazeres novos e nobres; seja um incenso com fragância de "neném" ou o amor mais profundo, gostoso e completo, o mais retumbante na gente, aquele de temeroso e inesquecível explendor... ainda que doa por todo o restante da nossa eternidade. Mas que seja sempre lembrado!

Estamos vivos! Ora, saudemos a isso. Vivamos, porque todas as respostas, todas as curas, todo o enlouquecedor prazer, o mais agudo e relaxante dos gozos estão no ar, estão (ou não) por vir; na verdade, é toda a aspiração inconscientemente humana, estar feliz; está à altura não visível do olhar de cada um de nós. nunca esquecer que estamos à disposição da vida. Cabe-nos encontrar as sensações e experimentá-las avidamente. Sempre. A vida é nossa, é vossa ... é para nós!

Maravilha é viver agora, com sofreguidão, com desejo intenso, com a arte e a sabedoria de não sabermos nada e querermos o infinito. Porque tanto a felicidade quanto a cor chumbo da desilusão podem estar agora mesmo na eternidade de um beijo com olhar apaixonado. E tanto pode ser manhã de um dia lindo, quanto a devastidão de um desencanto amaldiçoado. Voemos!

É só por isso - replantarmo-nos todo dia - que vale a pena viver ... vida.

Encantado!

Tony Guedes

Tony Guedes
Enviado por Tony Guedes em 17/07/2006
Código do texto: T195900