PREFÁCIO
Escrevi uma estória de amor da qual nunca antes me atrevi
No momento exato e particular dos acontecimentos
Personagens se desenvolveram ao capricho de meu automatismo
Passei as letras e editei os fatos como um louco em transe
Que recebe suas entidades com desrespeito e ingenuidade
Havia uma bela garota que ao decorrer das páginas
Se transformava em mulher completa
Um inteiro coitado apaixonado que chamei de Ricardo
Como em todo sonho de traição conjugal
Não houve razão ou dedicatória ao preencher os espaços
Deixei as letras todas emaranhadas como um beijo de verdade
Não a separei em capítulos: em letras capitais lia-se "PREFÁCIO"
Se prestar atenção todos os atos são sexuais e pausados por tesão
O amor foi posto cuidadosamente entre uma vírgula e um travessão
Quase no final me perdi ao ser tão perfeita de se lêr
Já estava `a assassinar a obra com uma separação,
Com uma morte ou mesmo um final feliz
Assim confuso como melhor encerrar essa estória
Fui para a rua beber cachaça e esquecer a vida
Mas nesse país não se tem tal melancólica aguardente.