Mnemônico

A dor que cresce impregna sorrateiramente os espaços internos de meu corpo com os resquícios do que se foi revolvendo-se, a mente confusa com uma profusão de lembranças fragmentadas, toda uma energia e sensação de ti como se houvesse, ainda, como se não se tivesse dissipado por um instante tormentoso, e eu e tu estamos em mim com todo o peso de nossa vida e de nossa morte, e a minha eu que se foi faz sofrer a esta, tuas mãos distantes demais, ido, ido, tu longínquo de cujos olhos com os quais esta eu que sofre se depara - ao acaso - emerge a sombra do que era luz, um dia.

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 08/12/2009
Código do texto: T1967008
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