O beijo

Sabia somar sentimentos e então navegou numa nave naufragada,
enquanto noutras nebulosas fantásticas nasciam narcisos.
A trilha sonora era os gemidos gentis das galés.
Corria livre pelos cerrados destemido de possibilidades cruéis,
certo que a lança guardada no seu peito possuía a eficiência necessária.
Marcava sinais e sabia os dias pelas marés que se renovavam de acordo com a lua.
Havia por certo se estabelecido um sério pacto entre o mar e a lua,
nada mais ajuizou necessário diante de tal formalidade.
O lobo não se alimentava de doces margaridas e impaciente, Maria Sem Vergonha espalhava-se ao léu.
Como já não era muito mais que um espírito a espreita de um provável invólucro, não se importava.
Fez-se então geada e subitamente tudo era duma brancura estonteante e sem fim.
Percebeu a exclusividade de areia que virou cerrado, que se transformou em floresta e acabou congelando-se.
Estava enfim aonde sempre quis chegar; no seu mais perfeito pesadelo...