INDA RESPIRO

Ativo e fausto

Geme e treme e me traz o holocausto

Traz-me alado, cujo sangue ferve

Sem veias ou perigalhos – não armazenam

Gastam tudo na véspera do Natal

Oh, minha indecorosa e suplicante nau!

Arfa mais do que pensamento imbricado

A paz enferma da fugaz é feriado

Silencia, ablui, condecora e...

Sabor de amora.

Outrora, estive na linha de posse

Reuni-me com todo o sentimento do mundo

Repleto de desvelo, desmesurado, catastrófico

A me proferir mesmices... absurdo!

Nem trouxe ao encontro, castiçal e vinho!

Movi a essência armazenada aos séculos

- a ocasião pedia -

Mas, a sal e a tiragosto, iludi-me:

Havia mel, espingarda e quilos de desesperança.

Regi, como maestro, toda Nona sinfonia

Rompi segredos de ataúdes, livrei a cara da morte do ignóbil gesto

Ali, estava desnudo

Completamente absorto e reluzente à glória

- fluía-me o exsudado caldo, o mosto fermentado e bruto...

Só não me casava com o semblante incolor – a mim, era dorido

Uma réstia ínfima de pesadelo diante do pascigo

A murchar, a escovar os birotes e a se enfeitar de cinza

- já não podia mais com a nuança da indiferença...

E se fez eterno!

Depois, foi só entrar em dormência e aguardar outra data sublime...

Afinal, inda respiro.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 18/12/2009
Código do texto: T1984403
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