INDA RESPIRO
Ativo e fausto
Geme e treme e me traz o holocausto
Traz-me alado, cujo sangue ferve
Sem veias ou perigalhos – não armazenam
Gastam tudo na véspera do Natal
Oh, minha indecorosa e suplicante nau!
Arfa mais do que pensamento imbricado
A paz enferma da fugaz é feriado
Silencia, ablui, condecora e...
Sabor de amora.
Outrora, estive na linha de posse
Reuni-me com todo o sentimento do mundo
Repleto de desvelo, desmesurado, catastrófico
A me proferir mesmices... absurdo!
Nem trouxe ao encontro, castiçal e vinho!
Movi a essência armazenada aos séculos
- a ocasião pedia -
Mas, a sal e a tiragosto, iludi-me:
Havia mel, espingarda e quilos de desesperança.
Regi, como maestro, toda Nona sinfonia
Rompi segredos de ataúdes, livrei a cara da morte do ignóbil gesto
Ali, estava desnudo
Completamente absorto e reluzente à glória
- fluía-me o exsudado caldo, o mosto fermentado e bruto...
Só não me casava com o semblante incolor – a mim, era dorido
Uma réstia ínfima de pesadelo diante do pascigo
A murchar, a escovar os birotes e a se enfeitar de cinza
- já não podia mais com a nuança da indiferença...
E se fez eterno!
Depois, foi só entrar em dormência e aguardar outra data sublime...
Afinal, inda respiro.