Senhor da chuva

Quando menino, eu costumava correr pelos campos sempre que chovia. Adorava a chuva!

Sempre achei a chuva mágica, algo que purifica, que renova e transforma todas as coisas. Talvez, por ter vivido sempre no nordeste, onde a chuva é escassa. Mas quando via a chuva meus olhinhos brilhavam e na oportunidade certa eu de mansinho saia correndo.

Corria com a desenvoltura e alegria que só as crianças possuem. No corpo somente o short, de pés descalços e sobre mim apenas o céu, apenas a chuva.

E ali me integrava ao verde, ao cheiro e ao íntimo da natureza. Queria ter lavada a alma de menino, e, pensava comigo, que se quisesse podia fazer chover o dia inteiro.

O cheiro de mato molhado, de terra úmida, de chuva... Parecia o céu, chorar sobre mim.

Minha mãe, pobrezinha, gritava:

- Sai da chuva menino!

e eu (de braços abertos)gritava:

- Sou o senhor da chuva!