A GRANDEZA DO MAR

Há momentos na vida que, mergulhados em nosso interior, ouvimos um som distinto, vislumbramos cenas familiares, chegamos a sentir o cheiro, sentir a brisa.

Nosso pensamento nos levou à presença do mar. Majestoso, grandioso, uma imensidão de mistério, inimaginável. Presença tangível, convidativa e ameaçadora igualmente...Senhor de uma extraordinária força, de uma descomunal beleza, quer seja à luz do sol ou em uma noite mal iluminada.

Vivemos em um país com uma vasta região costeira abrindo-se para o mar! Estupenda visão. Um mundo de água fascinante a atrair-nos e, ao mesmo tempo a ameaçar-nos. Visto do alto, em meio à vegetação que o encobre, é presença divinal, uma das maravilhas do mundo em que habitamos. Visto da praia, é absurdamente convidativo, parecendo ter o encanto da sereia a nos atrair para aquele precipício estonteante...

É uma visão que se tem constantemente. Podemos dizer que às vezes assemelha-se ao halo de uma formosa mulher a atirar aos pés de incauto cavalheiro as barras de seu vaporoso véu, acariciando-os, envolvendo-os com um canto mavioso, feiticeiro. Nessas horas, deixamo-nos ficar entregues àquela conquista, uma espécie de sedução a nos inspirar momentos de lirismos, situações oníricas. Outras vezes uma coragem indômita a evocar viagens de conquistas em busca de outras terras. A conquista do oceano inteiro, uma vitória sobre o desconhecido, a audácia da aventura em um barco atravessando a imensidão. O homem testando e superando seus medos, reconhecendo a bravura inspirada pelo próprio mar!

De repente, ao homem é visível a plenitude entre o céu e o mar. A certeza e a segurança sobre as águas ao atravessar aquela barreira e descobrir os seus próprios limites naquele ilimitado espaço em movimento, mantendo-se firme no leme e o coração cheio de esperança.

O mar sempre exerceu fascínio sobre o ser humano. Os primeiros homens sobre a Terra fizeram suas tentativas para atravessá-lo. Felizes algumas vezes, outras vezes sofrendo a fatalidade de sua ousadia. Diversos inventos foram experimentados desde os tempos mais antigos, sempre essa expectativa. Apesar da busca de toda segurança para a travessia, muitas surpresas desagradáveis foram catalogadas. Mas o desafio continua, porque é inerente ao homem testar, lutar contra o desconhecido, aprender com a experiência, com a fé que traz dentro de si e faz dele um verdadeiro criador nessa sua caminhada pelo seu aperfeiçoamento, pelo seu crescimento espiritual, pelo seu desenvolvimento como ser inteligente, e pelo seu reconhecimento de uma lei superior que rege o Universo, sob a qual ele está imerso.

E o homem acostumou-se ao mar!

Palco para as primeiras expedições que serviram de ponte entre oriente e ocidente. Uniu os povos através da troca de mercadoria, mas esses desbravadores subjugaram muitas civilizações com seu poderio e sua desmedida ambição. Para as terras recém-descobertas, levaram uma nova cultura, uma diferente religião, e dizimaram aldeias e povos, nações inteiras na cobiça do ouro. Em nome de um Deus único aniquilaram civilizações indígenas com suas crenças e seus Deuses pagãos. Enfim, foram feitas possessões, e conseqüentemente subjugação silenciosa.

O mar, o mesmo mar cuja travessia levava o progresso, também levou a discórdia, a exploração que culminou em guerras, batalhas em defesa de uma civilização, em defesa da dignidade como nação.

O mar, motivo para pintores e poetas, para pescadores e veleiros, tornou-se túmulo de navios e soldados, palco das guerras, e hoje, para diversas partes do mundo, tornou-se um corredor para comércio e turismo. Contudo, populações distintas enfeitam-no com milhares de flores, homenageando a sua mitológica protetora, Iemanjá, e tornou-se maravilhosa passarela por onde seguem algumas procissões, orando, agradecendo e buscando com sua fé um novo alento, fortalecendo a esperança em dias melhores!

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Luzia Stella Mello

Stella Mello
Enviado por Stella Mello em 22/12/2009
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