Sob a ferida saltitante

Amor, um sentimento torpe que nos leva ao delírio inconseqüente, tristemente à infantilidade e cruelmente à tortura. Escondo e entrego-me à indiferença sob posição fetal, a primeira que me abrigou. Parece sutilmente menos dolorida, na certeza do incerto, na tranqüilidade do desequilíbrio, e na desesperança do esperançoso. Abstenho-me de ti, não se aproxime. As feridas que presenteou ainda estão saltitantes, e a febre me deixa nostálgica. Se afaste, sua presença esquarteja minha essência. Reconheço que sou indubitavelmente uma eterna errante e uma insignificante mulher. Cedo acaricia, tarde estrangula. Cedo me põe ao gozo, tarde ao desgosto, cedo ao encanto, tarde ao desencanto. Neste ritmo eloqüente, enlouqueço , canso e isolo-me.

Estro de Mulher
Enviado por Estro de Mulher em 22/07/2006
Reeditado em 24/05/2007
Código do texto: T199774