QUANDO O NOVO CHEGAR

Todos os anos, o fim do ano...

Um abraço para ultimar o velho, e apetecer o novo.

Todos em inflexíveis modismos, onde o tempo é senhor absoluto, um fruto do irresoluto. Que nasce sem raiz, mas que se enraíza ao longo de milésimos, centésimos, segundos, minutos, horas...

As faces reconstroem-se na passagem do ultimo dia “365” do velho ano, para o dia “1” do ano recém nascido.

Desejos fartos aos fatos, onde um acaba para outro começar como um ciclo vital.

Os calendários revigoram-se e surgem novos e titubeantes planos.

Atitudes que sorvem mudanças... mudanças declináveis sem atitudes.

Mas que mudanças?

Que pisoteiam no chão erosivo da ganância ou andam vagarosamente no solo fértil da tolerância?

Os olhos que manam as lágrimas são os mesmos que enxergam a luz de um novo dia.

Mesmo que em terras distantes há um brilho possante, vigoroso e às vezes inalterado.

E quando as faces ocultam um feitio de alegria é sinal dos tempos.

Os passos que te levam ao desatino são os mesmos que te conduzem ao destino.

Mesmo que não queiras caminhar, o caminho sempre existirá.

E quando as crianças permutarem suas risadas por faces sem frágeis expressões

É sinal dos tempos.

Um novo ano, a mesma face.

Uma nova roupa, a mesma pele.

Um novo caminho, com as mesmas pegadas.

A força e a fraqueza sempre caminharam juntas.

quando estamos perto somos fracos

quando estamos distantes somos fortes ou vice versa.

Os ouvidos que escutam as ofensas são os mesmos que ouvem os lamentos,

E no auge do otimismo, um desastre social, as faces em interfaces sentem o pessimismo. Mas ainda existe o tom robusto do grito que intermedeia um novo viver.

O corpo perfumado, a alma em limbo.

A dinastia da perfeição, um espírito sem ação.

O ser que faz, a criatura que atura.

E tudo se reduz, e o que reluz dentro de cada um com suas faces distintas é o relativismo, a forma de percepção, como um feito, um achado, uma esperança como herança, de que o novo sempre vem.

E quando o novo chegar

Conduza-o até a mesa extensa,

Apresente-o as faces distintas

E leia a sentença da livre escolha.

E nunca faça disso o final dos tempos...