Dermes Perecíveis

Vazio, vazio

Insustentável vazio

Umbigo, cordão espichado

Antenas à brisa

Desce, qüiproquó pro ralo

Focinha ao breu o espeto pardo

Dum urso corcunda fazendo micagens

Caretas.

Vazio, vazio

Malévola latrina

Não esguicha, nem esguicha

Mancadora lebre, de unhas esguias, imperfeitas

Nobres atentos a aquele vento, sem ventre

O que gerar ou gerir, insistir

Farsa pensante de pejo assombro e bendito assomo

Libertas! O verso se agiganta à clausura

Na usura, solitária hepática e tinhosa

Ramos de coroas de xisto... betuminoso xisto

Que morto em pé, vingou-se com acúleos sangrentos.

Vazio, vazio

Pedregoso vazio, rides

Penetras a pena no centro do diamante

O estado traz da mente o ego saliente

Vindes a teus súditos, não inventastes

Cisternas duma luz impura, rumo aos mananciais

Apelais, apelais!

Finde a ti, a caveira rechonchuda, garbosa isquemia

Levíssima, astuta, sereníssima noite

Ó Cruzeiro do azul!

Junte fadas às bruxas a voar, a apoquentar

Valsando um frevo fúnebre e melancólico em vosso viver.

Vazio, vazio

Infindável vazio

Vós quererdes meios

Os fins, trar-nos-emos na lancheira.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 24/07/2006
Reeditado em 24/07/2006
Código do texto: T200870
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