O chapéu

Ele vinha sem muita vontade

Sem muito o que dar

Vinha olhando de lado

Lábios cerrados

Pausa no olhar.

Imaginava uma música

Que um dia ouviu

E bocejava por dentro

Como quem prende no peito

Um choro infantil

Na verdade, o peito era carregado

e a mente leve

Num desbalanço rítmico

de emoções e idéias.

E ao atravessar a avenida

Se sentiu como todo mundo:

ninguém.

E entendeu que as pessoas são superficiais

São feitas de camadas finas

e o que pensam

são sopros minúsculos

e todos juntos,

um vendaval.

O chapéu voou

E se perdeu na cidade

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 03/01/2010
Código do texto: T2009330