O chapéu
Ele vinha sem muita vontade
Sem muito o que dar
Vinha olhando de lado
Lábios cerrados
Pausa no olhar.
Imaginava uma música
Que um dia ouviu
E bocejava por dentro
Como quem prende no peito
Um choro infantil
Na verdade, o peito era carregado
e a mente leve
Num desbalanço rítmico
de emoções e idéias.
E ao atravessar a avenida
Se sentiu como todo mundo:
ninguém.
E entendeu que as pessoas são superficiais
São feitas de camadas finas
e o que pensam
são sopros minúsculos
e todos juntos,
um vendaval.
O chapéu voou
E se perdeu na cidade