POEMINHA DA ALMA PERDIDA

Catei uns trapos e coloquei na pequena sacola plástica.

Lembrei dos barbitúricos e de alguns escritos...

Sempre só e sem destino, cai no mundo

E parei no primeiro botequim.

Já tive gosto refinado,

Roupas menos deselegantes

Amantes menos arrogantes

E vontades de ser algo além.

Tive sonhos e não foram poucos.

Escrevi coisas que me pareciam belas,

Mas sempre imperfeitas.

Faltando um algo mais.

Amei como quem ama pela última vez

E fui tão sincera neste amor

Que nem vi o tempo passando levando o que sequer havia.

Restou tão pouco.

Restou quase nada.

Uma falsa alegria...

Um falar que não diz nada

E a saudade desesperada

Quase tão louca quanto eu.

Aqui do boteco

Vejo o vaivém de gente

E até faço prospecções e traço projetos.

Sei que as realizações ficam no papel amarelado

Que rasgo antes de sair trôpega pelas ruas.

Roubaram meu chão

E não pude, como na música,

Ser ou ter o centro do espelho.

Agora me vejo espectro de qualquer coisa

Com necessidade de matar a sede

Sem triscar na água

De matar a fome

Sem saber que gosto as coisas têm.

Há um amargor em mim

Que parece não ter cura

Uma tristeza tão grande

Que não transborda

Apenas me entope

Para se fazer lembrar.

As lágrimas que pulam dos olhos

Não conseguem acalmar a dor

E a alma?

Esta, sei, PERDI.

16-jan-2009, às 12h30

Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 16/01/2010
Código do texto: T2033021
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