F
oi de pequeno que entendi as letras que brilham nas estrelas. Vi de longe nas estradas, a noite na contramão da via, via as estrelas guias, que nunca me abandonaram não. Fui crescendo ao sol ardido, moleque menino, de dedo em riste, do palavrão ao futebol, fui a estrela da companhia, companhia das lindas meninas, das pipas e cerol.  Quando voltei ao céu, do coração apertado ao primeiro beijo de língua, vi nas estrelas a forma, a idéia, o jeito certo, foi minha primeira namorada de rua, cantando as madrugadas, lindas e nuas, foram elas que me mostraram o encanto da lua. Fui crescendo entre gritos e mágoas, amores e traição, mas nem as nuvens que cobrem os sonhos, cobriram a taça de vinho, a rusga no ninho, a pedra de limo, o brilho da manhã. Foram as estrelas que me acordaram quando dormi embriagado. Hoje arrumo meu medo, minha heróica poesia, mina sina de amor, caminho rumo incerto, a beira do abismo, com tudo e sem nada, mas olhando as estrelas que nunca silenciaram seu grito ao meu desespero, soando como música de minha liberdade, como beijo de paixão.