Um pássaro ferido.

Algum tempo atrás, achei um pássaro caído, com as asas quebradas, debilitado, com fome de amor.

Cuidadosamente levei-o para casa, com medo de machucá-lo ainda mais, tive muito carinho.

Conforme fui curando as suas penas, suas asas,fui descobrindo que a maior ferida estava na alma do pequeno.

Fui então tentando curar sua alma também.

Mas, isso já era bem mais difícil.

Muitas vezes esse pequeno pássaro se tornava um carcará e me agredia, chegava a me machucar, algumas vezes até sério, ele sabia como ferir minha alma.

Aí eu cuidava de mim e pensava em desistir, afinal suas asas já estavam boas para novos vôos.

Nessa hora ele se tornava frágil, me parecia um beija-flor.

Dizia precisar do meu néctar para poder sobreviver.

Um beija-flor precisa do néctar e do pólen das flores para poder exercer a polinização, que é espalhar flores pelo mundo.

Não sei se eu prefiro o carcará que precisa de mim sempre, mesmo que agressivamente... ou a docilidade do beija –flor que me beija, mas, beija também outras flores.