Monólogo de Aprendiz

Pensamentos acorrentados e, em seguida, alforriados.

Feitor foi o conhecimento ainda não-formado e senhor, o desconhecido.

Tudo bem, uma pausa. Para aprender se necessita disto. E movimento do corpo é bom também.

Queria entender o que se passa no meu cérebro quando estou aprendendo algo novo.

Ah, como eu queria poder tirar umas fotos deste processo...

Queria poder registrar, de alguma forma, as transformações, o turbilhão cá dentro.

Olhe, tenho a impressão de que se trata de algo mais ou menos assim: primeiro tudo está solto, conturbado. Uma confusão sem fim. Poderia até supor: "estaria entrando em pânico ou enlouquecendo". Por um período, tenho a sensação de que não entendo mais nada, de que nada mais faz sentido, coisa-com-coisa e, de repente... De um estalo, acontece! Parece que tudo é jogado pra cima, todas as peças, e quando vão caindo, levemente, repetem a coreografia de uma pluma solta no ar. Pares se juntam, tercetos se formam, quartetos se agrupam, tudo, harmoniosamente, e lento. As peças buscam seu conforto no âmago das sinapses. E aí, quando caem, se fincam, se fundem à outras, simpáticas. Substâncias se abraçam e festejam a alegria de se haver encontrado.

É mágico, lindo, recompensador.

Nestes momentos, parece, tive um êxtase perceptivo, e dá até vontade de gritar: EURECA! – em alguns lugares, no Brasil, seria: CARACA! ou: CARÁI, VÉI! No mundo hispano seria um AI, CARAMBA! E no germano, algo bem mais comportado: GEIL!

Só sei que é LEGAL PACAS!

Aí a coisa se estabiliza. A mente se aquieta, o corpo levita. Tudo começa a ter brilho: o novo, o antes encoberto, e o que já era conhecido. Tudo está em seu lugar.

Daí passo um tempo encantada, só, curtindo, ouvindo o som do assovio maroto que vem do mar imaginário, ondas de conhecimento que sacodem a cabeça, e da maravilhosa sensação que isso me dá.

Será que seria isso o quê alguém um dia disse: “ser como deuses”?

Aprender é muito bom, dá prazer e vicia. Agora que passou a tempestade e chegou a calmaria, sinto vontade de fazer nada mais. Só ficar alí, preguiçando na rede ou boiando n’água, esquecendo as neuras, namorando o nada, vezes até trocando fluídos e energias, parada.

Incógnito é tudo o que não tenho, por ora, adjetivos para desvendar. Até que venha tudo de novo, um novo desafio, um novo ciclo. Tem nada não... Quando me faltam palavras, pinto. E quando me falta tinta, na vida busco coloração. Coisa louca essa de aprendizado, não?! Sei lá, é só mais uma pura impressão minha, da vida.

Sim, há também aprendizados que pelam, tatuam no sensível ser sua essência e gosto ruim. E esses, ao invés de prazer, a mim causam pavor, torcidas no estômago e, por vezes, calafrios. No entanto, esta já é uma outra tela, impressões que não valem a pena, por ora – nem no decorrer de horas! -, registrar.

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Ah, caso ainda não o tenha feito, leia BIOGRAFIA EM 6 PALAVRAS e participe do desafio. Ajude-me a fazer uma bela colagem com os resultados :-)