Para você entrar...deixei as janelas abertas.

Com a certeza que você viria

Deixei as janelas abertas...

Pela janela você chegou

e foi entrando furioso...

Despertou-me...Eu me levantei...

Nada mais ficou em seu lugar...

Parecia que você me enlaçava...

Convidando-me para dançar...

Eu até tentei te acompanhar

Mas não era um ritmo que me apresentava

Você apenas sussurrava...

Outras vezes apenas assobiava...

Sua presença refrescou o quarto inteiro

Minha camisola, antes molhada e colada ao corpo

Agora seca acompanhava o seu sibilar

dando outras formas a minha sombra,

que com sua dança clareava e escurecia

em lugares diferentes todo o quarto,

Qual um caleidoscópio em preto e branco...

Você ficou assim por um bom tempo...

Furioso, como se urgência tivesse em chegar ou sair...

Assim sem avisar você espaçou o seu furor...

E, também, sua urgência parece que diminuiu...

Nesse hiato o céu clareou e um estrondo eu ouvi...

Você saiu exatamente como entrou...Furioso.

E, ela caiu lindamente...Grossa...Forte...

Levantando o cheiro gostoso de terra molhada...

Fiquei a admirá-la alguns segundos...

Mas o clarão dos trovões me deixava cega...

Fechei a janela, e me deitei...

Abraçada ao meu travesseiro...

Recordava o frescor que você me fez sentir...

Os sussurros e assobios com que você secou meu corpo suado...

E refrescada... Adormeci.

(Maria Emilia Xavier)

Maria Emilia Xavier
Enviado por Maria Emilia Xavier em 04/02/2010
Reeditado em 14/02/2010
Código do texto: T2068302
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