MEDITANDO

MEDITANDO

Mergulho nas páginas do tempo

e encontro alegrias, angústias e encruzilhadas,

na imensidão do espaço entre o ontem e o atual.

Reconstruo imagens, com os olhos parados no infinito.

De um amor manifesto numa entrega imensa,

restaram imagens e sensações sem toques, sem truques,

vividas na intensidade dos dias de escuro quase total,

nas noites de estonteante claridade insone.

Em memórias refeitas, a visão irretocável de um ser perfeito:

o amante que faz poesia e do alto da juventude imponderada

comete loucuras de amor, surpresas, fugas, viagens, ilhas, vinhos.

O telefone toca na madrugada. É a saudade de apenas algumas horas.

O sorriso se abre espontâneo ao entregar poemas escritos em almaços.

Aos quarenta anos a paixão é intensa, o amor é eterno, ainda.

Gentil, apaixonado, culto, feliz. O amigo inseparável.

Este ser, perfeito e único, perdeu-se no tempo, sumiu na tormenta.

Deixou uma saudade fina, antiga, que às vezes,

dá impressão de abranger o mundo. Saudade e solidão: inseparáveis.

Então, sonho, sentindo a presença amada, na solidão sem dor...

Porque nada do que tenho preenche o vazio criado.

É o espaço deixado em branco para que se escreva nele

as reflexões que nos chegam depois das grandes tempestades.

É o momento especial que provoca profundas mudanças interiores,

é a oportunidade para polir as arestas.

Sigo vivendo a vida como um caminhar infinito,

saindo fortalecida após cada obstáculo da estrada,

esperando assim, a plena libertação do sofrimento.

E se o passado dá sentido à vida,

o presente constrói o amanhã eterno.