PRENÚNCIO DE INVERNO

Sábado de manhã

Mais uma semana

Se esvai...

Como grãos de areia

Soltos na ampulheta

Da vida...

Gota a gota,

Grão a grão...

E o sol de inverno

Se apresenta

Na minha cozinha

É março ainda!

Mas ele se apresenta

Como um soldado pronto

Para iniciar mais uma fase

(na batalha da vida)

Mais um grão,

Mais uma imensidão

De sangue a jorrar...

Em minha veias,

Em meu peito,

Em meu coração!

E num movimento

Natural, automático

Vou para o quarto,

Onde guardo este papel...

Mas ali percebo

Ainda o sol

Jogado sobre o meu leito...

Ele se apresenta (ainda) ali...

Com a magia encantada,

Da boneca que um dia fui,

Que ficava sentadinha ali...

( e que um dia perdi...)

Percebo então estarmos

No outono, antes ainda

Do frio invernal...

Volto à cozinha,

Abro a porta da área

E vejo o vaso de flor de maio.

De forma automática,

Intuitiva, pego a faca,

E vou podando as folhas velhas,

Dando força às novas, verdinhas...

Ainda há março e abril...

Até maio elas florescerão!!!

Numa intensa cor de maravilha!

E a rotina do sábado

Se estende,

Depois da roupa

Posta na máquina...

Abro o vitrô da cozinha,

O sol alegre , jovial

Bate sobre minhas violetas

Que estão sobre o beiral

Há tempos perdi o medo

De deixá-las assim

Do lado de fora...

No tempo,

No vento,

No relento...

Expostas às intempéries...

E elas tomam sol

E gostam,

E elas tomam chuva

E adoram!

E estão floridas

Cheias de vida,

Como grãos

Como gotas

De sangue...

A jorrar

Em minhas veias

Em meu peito

Em meu coração!

Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 06/03/2010
Código do texto: T2123594
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