Ao encantador de sereias

Não houve tempo de maior delicadeza que aquele em que nos debruçávamos na borda do barco e desenhávamos na água nossos sonhos.

A correnteza nos levava... O céu nos protegia, um sol de beleza inundava nossos corpos e eles transbordavam, a enxurrada carregando mágoas, boiando vontade e fé.

Lembras-te do canto das sereias? Lembras-te do pente translúcido com que lhes desembaraçavas os cabelos?

Não houve tempo de tanta certeza quanto aquele em que escutávamos juntos a voz do vento e das estrelas...

Soubesse eu a verdade daquele tempo, o teria guardado mais que na memória, o teria tornado para sempre: não mais calaria meu coração de ninfa, jamais pegaria os remos, deixar-me-ia naufragar, eternamente...

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 07/03/2010
Reeditado em 18/09/2013
Código do texto: T2125706
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.