Silenciosa e calma manhã. Tão contrária ao que sinto. Na ânsia de dominar nossos sentimentos inferiores vivemos... Como se lutássemos contra nossos mais secretos desejos, peregrinamos. O que nos falta? Nunca saberemos, porque assim que algo nos supre... Aqui está de novamente a sensação de ausência. Não nos dispomos a ancorar em nenhum porto. Aproveitamos a calmaria, nos fartamos de prazer e, cá estamos à deriva, em meio a tempestades criadas por nossa mais profunda e densa insatisfação. A felicidade, objetivo principal da existência humana, parece-nos inatingível. Sempre “a colocamos onde não estamos”. Alienados em nossos contrariados desejos de possuir: bens, pessoas... A superfície nos escraviza, deixando-nos cegos e descrentes dos valores que deveríamos cultivar na conquista da Paz interior.
               Consentimos que o supérfluo nos conduza, o consumismo nos absorva, a insatisfação domine nossos melhores sentimentos. Não há tempo para sorrir espontaneamente, nem abraçar quem nos pede colo, nem oferecer o ombro a quem chora e nem ouvir os apelos de quem, cansado, solicita nossa atenção. A felicidade que buscamos torna-se inatingível e o descontentamento perene e duradouro.
               A contrariedade infundada, não nos favorece o caminho e se não nos voltarmos à reflexão de nossas atitudes e pensamentos, geralmente estaremos estagnando nossa evolução e aprendizado.