O Retorno

Sumi por uns tempos...

Não o suficiente para esquecer minha assimetria,

Mas o bastante para alinhar minhas vicissitudes

No desvão de um pretérito imperfeito.

Sumi na poeira dos ventos...

Percorri os planaltos áridos em revoada...

Passei fome e sede.

Nas úmidas planícies,

Lancei os grãos de minhas experiências,

Cujos ibiscos recobriram os sopés das montanhas

Esculpidas pelo meu declínio.

Sumi por uns tempos...

Mas os campos estiveram frondosos

Para aliviar-me a dor nas inconstantes quedas.

Sumi com o tempo...

E no vértice cartesiano,

Marco inicial de toda a realidade,

Vislumbrei meus horizontes

E as serras que dele fazem parte.

Não serei covarde em novamente lançar-me ao vento,

Mas serei cauteloso com as feridas que ainda ardem. Sumirei a contento, e verás o quanto sou necessário.

Meu retorno, nem de longe, será tua glória,

Mas estarei de volta ao meu leito.

(Recife, 31/07/2006)

Serginho Maresias
Enviado por Serginho Maresias em 14/08/2006
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