Eu Fiz, Tu Farás

Fiz do azul, pelourinho

Do alcaçuz, remédio

Para açoitar sem ferir

Para assoprar sem brunir.

Fiz da vida, jarro seco

Da lua, intrépido medo

Ser quase é ser inteiro

Ter costas, altaneiro.

Fiz do casaco, frio

Dos amores, desafio

E o tempo a esperar com pressa

Cedeu-me facas a amolar tristezas.

Fiz da idade, exuberância

Do cacau, verdade

Peles rastejam como sacis

Amontoam-se a tocar do rosto, o céu.

Fiz o que as horas fizeram de mim

Posaram de extinto estopim

A debruçar-me o remorso subtraído

A solapar-me como rio esquecido.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 15/08/2006
Código do texto: T216886
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