Eu Fiz, Tu Farás
Fiz do azul, pelourinho
Do alcaçuz, remédio
Para açoitar sem ferir
Para assoprar sem brunir.
Fiz da vida, jarro seco
Da lua, intrépido medo
Ser quase é ser inteiro
Ter costas, altaneiro.
Fiz do casaco, frio
Dos amores, desafio
E o tempo a esperar com pressa
Cedeu-me facas a amolar tristezas.
Fiz da idade, exuberância
Do cacau, verdade
Peles rastejam como sacis
Amontoam-se a tocar do rosto, o céu.
Fiz o que as horas fizeram de mim
Posaram de extinto estopim
A debruçar-me o remorso subtraído
A solapar-me como rio esquecido.