A Tormenta e Eu

O céu que era claro foi escurecendo.

As nuvens, que antes eram de algodão,

Tornaram-se cinzas.

O vento, suave e refrescante,

Tornou-se frio e cortante.

O sol de medo escondeu-se.

Atrás da vidraça refugiei-me,

Vendo fascinada os clarões

Que cortavam a escuridão do céu,

Com riscos nervosos e gritos apavorantes.

Em meu camarote assistia ao espetáculo da natureza.

A força bravia do universo

Se revoltando contra os humanos.

A água, que descia dos céus em violenta fúria,

Procurava me atingir para fustigar meu rosto.

E fascinada pelo show psicodélico,

Entre claridade e escuridão,

Zunido e fragor,

Entreguei-me aquela força,

Que me chamava e me conduzia,

Por entre espirais de folhas arrancadas.

A chuva invadia minhas roupas

E penetrava minha alma.

Abri os braços e rodopiei como as folhas,

Gritei como os estrondos,

Assoviei como o vento,

E me fiz um quantum de luz.

A luz de uma nova estrela

Em todo esse Universo.