País de toupeiras

Hoje sou apático. Não sinto dor. Não como nem durmo, nem sito pena de ninguém.

Após acordar numa pátria de generais, e ver cantoras histéricas e descabeladas se dependurando em palcos improvisados, me pergunto: será qua amanhã será melhor? Não. Não será. Essa terra equivocada, cheia de pássaros exóticos, não produz o pensamento. Ela massacra a inicitaiva.

Eu sinto medo de não concordar. Por isso peço licença para ser ligeiramente diferente.

Não vou mostrar meu traseiro pra ganhar algum dinheiro. Não vou vender minha genitália num desfile de carnaval, nem vou votar no companheiro que prometeu que o futuro é uma favela pintada em cores alegres.

Triunfa o insulto. Bicha, corno, vadia e maconheiro. Eu faço parte da plateia acuada, numa terra de celebridades que são o auge do pensamento de elite.

Se eu fosse um protozoário, e vivesse boiando em águas poluídas pelo esgoto, não veria tanta sandice. Mas sou parte do gado que caminha anestesiado rumo ao açougue. Serei abatido por balas perdidas. Mas morrerei sorrindo, porque "nos é" conhecido no mundo todo agora. "Nós tem internete Wireless na favela". "Nós tem reforma ortográfica". "Nós tem fé no futuro". "Nos tem um presidente que fala como nós".

Viva este asilo tropical, alienado e corrupto. Toda as vezes quero vomitar. Não tem um dia sequer que não ouço a marcha da patrulha do traseiro alheio. Viva esta catarse de gente desprovida de verdade, mas que celebra a verdade alheia. Eu sou um parasita.

Acho que vou dormir. Assim como a carnaval, nada do que acontece lá me interessa. Vou tomar um "Boa Noite Cinderela". Isso sim, um grande trabalho brasileiro.