MORRER DE AMOR

Odiosas nuvens entristeceram-se

E enegreceram o rubro escarlate no alto poente

Na noite cálida d’alma, silvo soou

Ao limite do nigérrimo; paz e morte.

Assim que a contracapa deveras gritou

Ouviu-se o silêncio assaz precioso

Entre meias madeixas doridas – soube a ida

A odisséia e o modismo agonizado.

O pato a jazer sob a frondosa ostentou

Indócil a vida por trás do ensejo – pejo e cicuta

Se, uma hora deleitavam-se com mesmices

Um ósculo ofuscado à penumbra se deu.

Trar-lhe-á a paz, o distante porvir

Por entre rusgas e coisinhas de verão

E haverá de sorver o caramelo incolor

A morrer de amor toda vez que o pato voar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 06/04/2010
Código do texto: T2180793
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