Sem espinhos

vem no abraço da noite

no balançar das folhas da árvore

se aconchegue e durma

rescoste sua cabeça em meus ombros

e escorra sua boca entre meus lábios

durma feito anjo enrroscada

espaçosa, espreguiçando

me abrace

me tenha

por pensamento

por um segundo

me aperte

me acaricie

me sacie

me incendeia

me acende

me alegre

me abrace

me acelere

me acompassa

me acalente

me alimente

me afague

me olhe bem dentro dos meus olhos

e veja o mesmo lugar que estou vendo

deite-se

se aposse

tome conta

se ajeite

se deleite

se acalme

se apodere

dos meus desvairados pensamentos

isanos, trépidos

que o gelo da coluna seja brando

que o temor de nossos corações

seja forte

que o sorriso seja eterno

que o tempo nunca pare

que o respirar nunca seja manso

que o desejo perdure

que a vontade estabeleça

que a esperança seja franca

que o pensamento a ti viaja

encontre a de braços abertos

que sejamos libertos

de pudores da carne que é fraca

que os tabus sejam respeitados

mas que sejam ousados

os atos atrevidos

se falar nos ouvidos

que sejam poesias impensadas

se for de abraços apertados

que nossos lábios se calem

se apertem, se sintam

sabores do inevitavel

se inebriar, que derrame

se proclamar, reclame

sentenciar, me chame

bem alto, de longe

pra perto ficar

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 12/04/2010
Reeditado em 12/04/2010
Código do texto: T2191610
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