Inveja: Catarata da Alma

A carabina da invídia nos envelhece

Emite sorriso por calos

Inferência tênue, delitiva

Resquícios sacros, de porção em tudo

Ingenuamente, farta cor apoquenta

Farda por nada, luxos entrecortados.

Não sabe da vida, as idades

Pelas réstias formadas, enraíza-se

Faz-nos de aborto

Chuvisco bóia em dilaceradas tipóias

Transita pequeno vaso de girândolas negras

Trupe gentílica humana recalcada

Caímos da escada.

Espadaúda aurora reluzente

Seja nossa tenente, imbricada

Reles somos, quase nada

Alimentamo-nos de dignidade dos outros

(a nossa é mais cara, dor interna)

Tomo de nós esquartejado nas nuvens

Quando nos encaramos

O espelho: nosso outro

(o ”eu” é mais sangrento).

Invejável fonte amainada de lume

Abantesma colorido: jante conosco!

Da panela sobe quente e ácido cheiro

Tempero na carne dos outros reina

(nossos tecidos são insípidos e não se dissolvem)

O tempo passa no domo da luz marcada

Escravizada por nós

Quando não temos outro a mensurar

Quão pífios somos?

Quão longos os anos a nos manter acesos?

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 18/08/2006
Código do texto: T219642
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