QUEM SOMOS?

Somos cova poente

Nau a arfar no dó

Aliterando e cosendo

Especulando e naufragando.

Somos deuses desse inferno todo nosso

A casca e a uva, o pires sem ódio

Cacarejando e sentindo

Aliviando e mugindo.

Temos os dias felizes a cozinhar por dentro

A anágua franzida, o limo

A adaga ferina e ferida da opulência

Somos escada gasta, somos essência.

De todas as variáveis que há

De toscas areias a cobrir o corpo em cio

Somos abissais e régios

Somos otários e hipócritas

Pertencemos a um clã vazio

De bestas, de pólvora, de pousio

Temos pungência a merecer tais aplausos

Enfermos e moribundos, mais causos.

Somos esquifes de aço imundo

A selva, o perigalho, o urro

Satisfazendo e dormindo

A farra, o sangramento ressequido.

A nós, a manteiga e o ranço

O fleimão de outrora a arder

Somos tocha, somos nada

Somos lima a vinagrete e rocha.

Somos humanos.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 15/04/2010
Código do texto: T2198804
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