QUEM SOMOS?
Somos cova poente
Nau a arfar no dó
Aliterando e cosendo
Especulando e naufragando.
Somos deuses desse inferno todo nosso
A casca e a uva, o pires sem ódio
Cacarejando e sentindo
Aliviando e mugindo.
Temos os dias felizes a cozinhar por dentro
A anágua franzida, o limo
A adaga ferina e ferida da opulência
Somos escada gasta, somos essência.
De todas as variáveis que há
De toscas areias a cobrir o corpo em cio
Somos abissais e régios
Somos otários e hipócritas
Pertencemos a um clã vazio
De bestas, de pólvora, de pousio
Temos pungência a merecer tais aplausos
Enfermos e moribundos, mais causos.
Somos esquifes de aço imundo
A selva, o perigalho, o urro
Satisfazendo e dormindo
A farra, o sangramento ressequido.
A nós, a manteiga e o ranço
O fleimão de outrora a arder
Somos tocha, somos nada
Somos lima a vinagrete e rocha.
Somos humanos.