O POETA E A MORTA

O POETA E A MORTA

O poeta está triste, perdeu tudo, até mesmo a amada, que agora descansa . Descansa em sono profundo, séria, sua fisionomia é de quem dormiu antes da hora, envolta em roupas roxas. O poeta não tem mais alegria, vê a moça serena, silenciosa e bela. Dói o coração do poeta e sem querer, cai-lhe uma lágrima discreta, não lhe percebem angústia, mas chora silencioso, estendendo a para a sua amada que já não mora entre nós.

Relembra, o poeta, a casa, o horto, a escada... tudo perdido.

O sol está indo embora, deixando apenas raios fracos, raios frios, gelados como a morte... o poeta pergunta ao sol quem ele é e o vento balança as tranças da amada. O poeta conhece as pedras das ruínas, a alma da jovem talvez seja condenada pela morte antecipada . Ele contempla o corpo ainda não sepultado, que até as árvores conhecem, e o poeta quase esquece o semblante da amada.

E veio a noite, a mais escura das noites, e com ela a certeza de que agora, o poeta jamais veria a sua musa. Seu sonho acabou, seu sorriso se apagou. As horas passavam, corriam e ele arrastando o manto que a sua musa lhe prendera nos ombros, caminhava sem rumo silenciosamente...

O dia chegou, as rosas vermelhas estavam abertas e só restou aquela triste estrada, lembrança de coisas ruins que o poeta passara.

Ele agora sai das ruínas, acompanhado de saudade!

Kátia Susana Perujo.

Baseado na poesia “RUÍNAS” de Machado de Assis.

Susy
Enviado por Susy em 20/08/2006
Código do texto: T221128